São Paulo - SP

"Pensei muito sobre o mito de sísifo, obra existencialista do Camus. É o mito que resume o homem, como que se o destino do homem, é empurrar uma pedra. É a condenação e o preço da existência, também é o manifesto do absurdo. Empurra-se a pedra, e a pedra rola. Como se, condenado nesta ação pra sempre. Essa foi minha primeira leitura, que achei fantástico. Mas na medida que o tempo foi dando compasso, o clima mais denso no ar, ai entrei contigo, tava lá do seu lado, às vezes na frente e conversei com muitos usuários, todos que se aproximavam, passavam, perguntavam. Ouvi um falando que tua ação era penitência, uma mulher ficava parada pergutando o que é isso? Isso é arte? Isso não pode ser arte, isso não é teatro. Outro se aproximava e pedia desculpa o tempo todo, mas queria saber o que é, queria entender. No tempo que ficamos até o Jeff dar a volta e voltar, chegou o chefe dos usuários, educadamente se apresentou como o cara da quebrada, perguntou o que tava acontecendo e falou pra não filmar nem fotografar. Resumindo  a abordagem dos usuários, achei denso e pesado, mas senti muita generosidade e acolhimento deles, isso me transformou, socou minha cara. Senti desejo em estar mais naquele espaço, com aquelas pessoas? Mas sua ação Jeff, foi única, e efêmera, acho difícil e é um desafio pensar em alguma ação ali, depois da sua, me bateu um vazio e ao mesmo tempo um encantamento, do homem, do bicho, do nú, e do crú, dos vícios, sem poesia, ou asia da ação. Um outro usuário explicava pra gente voltar outro dia e fazer a apresentação mais cedo, que passar ali naquele horário era problema. Me questionei sobre muita coisa de mim, do mundo, de tudo. Achei foda sua ação, simples e contraditória! Des-poética."